Utilizar medicamentos por conta própria “pode ser perigoso”. Essa é a orientação do Ministério da Saúde na página oficial sobre o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado em 5 de maio. A data nasceu em 1998, por uma iniciativa de estudantes de farmácia, e desde então é tida como um momento de alertar a população sobre os riscos da prática, como intoxicação, dependência e até morte.
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Segundo os dados mais atualizados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), ligado ao governo federal, 20.637 pessoas sofreram casos de intoxicação por medicamentos em todo o Brasil em 2017. Destes, 394 ocorreram na região Norte. O mesmo agente foi responsável ainda por 50 mortes naquele ano, em todo o país.
“Podemos apontar uma série de ameaças à saúde do paciente, como o autodiagnóstico incorreto, reações adversas ou alérgicas aos remédios, interações perigosas entre diferentes medicamentos, uso da dosagem incorreta, dependência e até resistência aos fármacos”, explica o supervisor farmacêutico da rede Santo Remédio, Eduardo Donini.
Ele destaca ainda os casos em que a automedicação pode representar risco de morte ao paciente. Dentre os maiores perigos está potencialização de um medicamento ao ser combinado com outros remédios, aumentando o risco de reações adversas como inchaços, sintomas respiratórios, intestinais, vômitos e até anafilaxia (choque anafilático).
“O paciente precisa lembrar que está tomando uma substância química, principalmente aqueles que fazem uso contínuo de medicamentos. É preciso ter muito cuidado com as classes mais envolvidas com essa prática, como antialérgicos, anti-inflamatórios, analgésicos, antitérmicos e antibióticos”, afirma o farmacêutico.
Orientação
Conforme a resolução n.º 44/2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula as boas práticas das farmácias, esses estabelecimentos de saúde precisam alertar sobre os perigos da automedicação. Uma maneira de alcançar esse objetivo é expor em cartaz visível mensagem que oriente sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos.
“O farmacêutico também tem como uma de suas principais áreas de atuação a dispensação de medicamentos, em especial porque, muitas vezes, as farmácias acabam sendo o estabelecimento de saúde mais próximo do paciente. Essa dispensação envolve tanto a entrega do medicamento, como a orientação sobre o uso correto, cuidados com armazenamento e riscos adversos”, afirma Donini.
Farmácia em casa
Uma pesquisa realizada em 2019 pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), em parceria com o Instituto Datafolha, revelou que a automedicação é um hábito comum de 77% dos brasileiros. Um dos comportamentos que facilita essa prática é o costume de guardar medicamentos em casa, muitas vezes sem a bula. Mas afinal, é possível ter esses remédios e ainda assim fazer um uso racional?
De acordo com Eduardo Donini, “sim”, é possível ter alguns itens para ‘emergência’, porém, o mais indicado é que o paciente busque sempre orientação.
“Nesse caso, pode ser o farmacêutico mais próximo, para os medicamentos de venda livre, ou seja, que não exigem receita. Entretanto, é importante lembrar que isso não pode ser o comum, já que o conselho maior é sempre buscar um profissional habilitado quando não houver melhora do problema em curto prazo ou ao persistirem os sintomas”, orienta o farmacêutico.
Segundo Donini, quem mantém a prática precisa guardar os medicamentos em local arejado, com pouca luz e calor, para preservar bem o produto. Além disso, é importante guardar as caixas e as bulas dos medicamentos, para a consulta de informações sobre o remédio, como a validade e os componentes da fórmula.