O céu da cidade de São Paulo ficou encoberto por uma névoa neste sábado (19) devido à poluição provocada pela fumaça de queimadas e incêndios florestais no Pantanal, no interior do estado e em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, de acordo com meteorologistas do Climatempo.
A qualidade do ar foi comprometida em São Paulo, de acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A condição do ar foi de moderada a muito ruim em todas as estações de medição da Cetesb na capital.
O fenômeno da chuva escura, que ocorre quando nuvens de chuva encontram a fuligem das queimadas, pode ocorrer entre a noite deste sábado e este domingo (20). A água coletada pode ser acinzentada, em função do acúmulo de poluentes.
Além da névoa escura no céu, moradores da capital relataram ainda cheiro de fumaça.
"E o cheiro? Terrível. De enxofre, de alguma coisa assim. Cheiro muito complicado", disse José heleno da Silva, técnico de manutenção.
"Já é ruim respirar de mascara, com ar ruim ainda fica pior", reclama Deivid Sebastião, atendente.
Uma mudança na direção do vento também diminui a concentração de poluentes e permite que, a partir de segunda-feira (21), a fumaça saia do estado de São Paulo. A chuva que pode ocorrer na cidade no fim desta noite de sábado deve ser isolada, ocorrendo apenas em algumas regiões, mas pode ter raios e ventos fortes em alguns pontos.
A frente fria também deve afetar os termômetros: entre domingo e terça, as temperaturas não devem chegar aos 20ºC na capital.
Segundo a meteorologista do Climatempo, Daniela Freitas, a chegada de uma frente fria deve trazer chuva e, com isso, a possibilidade de que a poluição seja dissipada.
"Como a gente deve ter a chegada de uma nova frente fria aqui na região metropolitana até o fim do dia, existe a possibilidade dessa chuva associado a essa frente lavar a atmosfera e assim a gente pode ter novamente chuva com partículas de fuligem, coletadas dessa pluma de fuligem, dessa fumaça, das queimadas que vem do centro-oeste aqui na capital", disse Freitas.
E como a previsão é de chuva, os pesquisadores já se preparam para uma nova coleta. A água será levada para os laboratórios de pesquisa, e os especialistas já esperam encontrar substancias toxicas que fazem mal para a saúde.
"O material o da chuva negra do ano passado, fizemos analise químicas e ele tem uma série de substâncias químicas que são derivadas da queima principalmente de material vegetal. Algumas dessas substâncias, derivadas das queimadas podem ser tóxicas. Se nós expirarmos as partículas menores elas podem, sim, causar algum problema, principalmente, nesta época que nos estamos com a pandemia da Covid-19 em que o pulmão é a nossa parte mais sensível. Isso afeta, principalmente, as pessoas que tem asma ou rinite", explica Marcos Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da USP.
Nesta sexta, a capital paulista teve pancadas de chuva isoladas, mas não foram suficientes para a dispersão das partículas de poluentes. A chuva negra deve ocorrer até domingo (20) quando a cidade pode ter chuva mais intensa devido ao calor com a aproximação de uma frente fria.
Neste ano, os focos de incêndio em SP mais do que dobraram, em comparação com 2019. O aumento ocorreu especialmente nos meses de agosto e setembro.
Em 19 de agosto de 2019, o fenômeno da chuva negra ocorreu na cidade de São Paulo por conta de queimadas que ocorriam na Amazônia. Análises técnicas feitas por duas universidades mostraram que a água da chuva de cor escura coletada por moradores da capital continha partículas provenientes de queimadas. Nas redes sociais, moradores da Grande São Paulo postaram fotos da água da chuva escura.
O teste feito pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) identificou a presença de reteno, uma substância proveniente da queima de biomassa e considerada um marcador de queimadas, na água da chuva coletada na segunda-feira.
Já o exame realizado pela Universidade Municipal de São Caetano (USCS) mostrou que a concentração de material particulado, ou seja, de fuligem, foi sete vezes maior do que a registrada na água de uma chuva normal.
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