Um relatório de pesquisa de Marko Kolanovic, chefe global de pesquisa macro-quantitativa e de derivativos do J.P. Morgan, avalia que os governantes se assustaram com "artigos científicos falhos" e decretaram lockdowns "ineficientes ou atrasados" que destruiram empresas, empregos e vidas sem, contudo, mudar o curso da pandemia.
O relatório é uma crítica ao pensamento atual sobre a resistência à reabertura dos negócios e, mais pungentemente, ao cenário político predominante, com ênfase em como a crise está sendo alavancada por políticos.
Marko Kolanovic acompanha a evolução do vírus há quase dois meses. Seus modelos foram, na maioria das vezes, precisos na previsão de pontos de inflexão, bem como de taxas de mortalidade e casos.
“Quando a pandemia atingiu os EUA, sabíamos que a linha do tempo do vírus seria a mais importante e talvez a única variável relevante para determinar o caminho da economia e dos mercados financeiros”, escreve Marko Kolanovic.
“Como estamos aprendendo nesta crise, previsões científicas imprecisas, politização das pesquisas e uma abordagem sensacionalista podem ter impactos significativos”, ele escreve, observando que “com base no que se acredita serem as previsões de pior caso, a resposta política varia de direcionada a indiscriminada quando aplicada ao lockdown de regiões geográficas, proteção de determinados segmentos demográficos, ou avaliação dos riscos de uma atividade econômica específica ser suspensa”.
“Embora muitas vezes ouvimos que os lockdowns são motivados por modelos científicos e que existe uma relação exata entre o nível de atividade econômica e a disseminação do vírus, isso não é suportado pelos dados", escreve Kolanovic.
“De fato, praticamente em todos os lugares as taxas de infecção diminuíram após a reabertura".
"Isso significa que a pandemia e a Covid-19 provavelmente têm sua própria dinâmica não relacionada a medidas de lockdown frequentemente inconsistentes que estavam sendo implementadas".
Kolanovic criticou o oportunismo e a abordagem anti-ciência dos políticos que se dizem guiados pela ciência e salvadores de vidas para justificar atos que atendem suas agendas.
"Enquanto nosso conhecimento do vírus e da ineficácia dos lockdowns evoluíram, os lockdowns permaneceram e o foco mudou para o rastreamento de contatos, contemplando surtos de uma segunda onda e idéias sobre como projetar melhores sistemas educacionais, políticos e econômicos. Ao mesmo tempo, milhões de meios de subsistência estavam sendo destruídos por esses lockdowns".
"Ao contrário dos testes rigorosos de potenciais novos medicamentos, os lockdowns foram administrados com pouca consideração de que eles poderiam não apenas causar devastação econômica, mas potencialmente mais mortes do que a própria Covid-19".
O estudo mostra que as taxas de infecção em vários países continuaram a cair após o lockdown ter sido suspenso.
Países ao redor do mundo adotaram o lockdown à medida que o número de casos de coronavírus aumentou nos primeiros meses deste ano e, desde então, as taxas de infecção caem significativamente.
Kolanovic cita como evidência uma série de países cujas taxas de infecção continuaram a cair, apesar de restrições terem sido retiradas.
A taxa de infecção na Dinamarca, por exemplo, permaneceu estável após a reabertura de escolas e shopping centers no final do mês passado, e a taxa da Alemanha permaneceu abaixo de 1,0 após a suspensão do lockdown.
Em alguns países europeus, estudos sugerem que as medidas “não produziram nenhuma alteração nos parâmetros de pandemia”, diz o relatório do J.P. Morgan.
Contudo, os países abriram enormes rombos em seus orçamentos para suportar a paralisação econômica que está forçando milhões de pessoas ao desemprego.
O relatório também apresenta dados dos EUA, com a maioria dos estados registrando taxas iguais ou mais baixas depois que o lockdown foi suspenso.
"O fato da reabertura não ter mudado o curso da pandemia é consistente com estudos que mostram que o lockdown total não alterou o curso da pandemia", escreve Kolanovic.
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